segunda-feira, 27 de junho de 2011

HOJE DIA DE NOSSA SENHORA DO PERPÉTUO SOCORRO.

PESQUISEI PARA COLOCAR AQUI, É MUITO GRATIFICANTE CONHECER SOBRE NOSSA MÃE, E SEUS DIVERSOS NOMES.
HOPJE TRAGO NOSSA SENHORA DO PERPÉTUO SOCORRO, TUDO SOBRE ELA.


Nossa Senhora do Perpétuo Socorro


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Ícone bizantino de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é um título conferido a Maria, mãe de Jesus, representada em um ícone de estilo bizantino. Na Igreja Ortodoxa é conhecida como Mãe de Deus da Paixão, ou ainda, a Virgem da Paixão.
Um ícone célebre é venerado desde 1865 em Roma, na igreja de Santo Afonso, dos redentoristas, na Via Merulana. Tendo vindo da ilha de Creta e estado antes na Igreja de S. Mateus, igualmente em Roma, onde tinha sido solenemente entronizado no ano de 1499, e do qual se contam muitos milagres e histórias[1].
A tipologia da Mãe de Deus da Paixão está presente no repertório da pintura bizantina desde, no mínimo, o século XII, apesar de rara. No século XV, esta composição que prefigura a paixão de Jesus, é difundida em um grande número de ícones.
Andreas Ritzos, pintor grego do século XV, realizou as mais belas pinturas neste tema. Por esta razão, muitos lhe atribuem este tipo iconográfico. Na verdade a tipologia é bizantina, e quase acadêmica a execução do rígido panejamento das vestes; mas é certamente novo o movimento oposto e assustado do menino, de cujo pé lhe cai a sandália, e ainda a comovente ternura do rosto da mãe.
O ícone é uma variante do tipo hodigítria cuja representação clássica é Maria em posição frontal, num braço ela porta Jesus que abençoa e, com o outro, o aponta para quem, olha para o quadro, aludindo no gesto à frase “é ele o caminho”.
CRUZ VENTANANa representação da Virgem da Paixão, os arcanjos Gabriel e Miguel , na parte superior, de um lado e do outro de Maria, apresentam os instrumentos da paixão. Um dos arcanjos segura a cruz e o outro a lança e a cana com uma esponja na ponta ensopada de vinagre (Jo 19,29).
Ao ver estes instrumentos, o menino se assusta e agarra-se à mãe, enquanto uma sandália lhe cai do pé.
Sobre as figuras no retrato, estão algumas letras gregas. As letras “IC XC” são a abreviatura do nome “Jesus Cristo” e “MP ØY” são a abreviatura de “Mãe de Deus”. As letras que estão abaixo dos arcanjos correspondem à abreviatura de seus nomes.


http://pt.wikipedia.org/wiki/Nossa_Senhora_do_Perp%C3%A9tuo_Socorro#Ver_tamb.C3.A9m

quinta-feira, 16 de junho de 2011

quinta-feira, 9 de junho de 2011

quarta-feira, 8 de junho de 2011

LIRIO DO VALE

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Essas florzinhas, tem o doce encanto de Maria....
Pura,singela,perfumada,delicada,humilde,bela....eu elegi esta florzinha ...como a florzinha de Maria.
Ela tem o nome de mughet ou lirio do vale.´
 Lirio do vale nos lembraaaa?
JESUS.
Uma linda flor que nos encanta com seu perfume e delicadeza perfeita, que une mãe e filho.
lirio-do-vale
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O lírio do vale pertenceu por muito tempo ao um sub-ramo das liliaceas, sendo por isso conhecida por este nome em algumas línguas. Seu aroma incomum, sua beleza e sua relação afetiva com os franceses ( a planta é  conhecida lá pelo nome de muguet, e é oferecida no dia 1º de Maio como presente, para atrair sorte. è uma tradição de quase quinhentos anos), o trouxeram logo para a perfumaria, sendo um dos aromas mais conhecidos e apreciados. Um pouco herbal, amadeirado, ligeiramente doce.

O lírio d’ água não tem relação com a especie, sendo da família das Ninféias.








A Ele a Glória - Mensagem Brasil


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 Um pormenor do buquê de Catherine Middleton
http://aeiou.caras.pt/casamento-de-william-e-catherine-o-buque=f37326



Casamento de William e Catherine: O buquê


A noiva levou um buquê da autoria de Shane Connolly, concebido tendo em conta o significado das flores e as tradições da família real e da família Middleton.
Simbologia:


Lírios-do-vale: Regresso à felicidade


Cravinas: valentia, coragem


Jacinto: Constância do amor


Hera: Fidelidade, casamento, amizade, afeto


Murta: O símbolo do casamento, amor.


Um pormenor do buquê de Catherine Middleton

Os ramos de murta foram retirados de um arbusto plantado pela rainha Victoria em 1845 em Osborne House, do qual já tinha sido retirado um pequeno ramo que a rainha Isabel II usou no seu buquê quando se casou com o duque de Edimburgo, a 20 de novembro de 1947.


Um pormenor do buquê de Catherine Middleton

A tradição de levar ramos de murta começou depois da rainha Victória ter recebido um ramo de flores da avó do príncipe Alberto durante uma visita a Gotha, na Alemanha. No mesmo ano, a rainha Victoria e o príncipe Alberto compraram Osbone House, que se tornaria o seu retiro, e um galho desse mesmo ramo foi plantado junto ao muro do terraço, onde continua a crescer.


Pesquisado por mim no site  /  http://aeiou.caras.pt/casamento-de-william-e-catherine-o-buque=f37326


Um pormenor do buquê de Catherine Middleton
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Eis aí tua MÃE! - Vida Reluz (Walmir Alencar)

IOANNES PAULUS PP. II REDEMPTORIS MATER


 jesus_crucifixion_john_mary
IOANNES PAULUS PP. II
REDEMPTORIS MATER
sobre a Bem Aventurada
Virgem Maria
na vida da Igreja que está a caminho


PRIMEIRA PARTE - MARIA NO MISTÉRIO DE CRISTO
1. Cheia de graça
2. Feliz daquela que acreditou
3. Eis a tua mãe


3. Eis a tua mãe





20. O Evangelho de São Lucas regista o momento em que "uma mulher ergueu a voz do meio da multidão e disse", dirigindo-se a Jesus: "Ditoso o ventre que te trouxe e os seios a que foste amamentado!" (Lc 11, 27). Estas palavras constituíam um louvor para Maria, como mãe de Jesus segundo a carne. A Mãe de Jesus talvez não fosse conhecida pessoalmente por essa mulher; de facto, quando Jesus iniciou a sua actividade messiânica, Maria não o acompanhava, mas continuava a viver em Nazaré. Dir-se-ia que as palavras dessa mulher desconhecida a fizeram sair, de algum modo, do seu escondimento.


Através de tais palavras lampejou no meio da multidão, ao menos por um instante, o evangelho da infância de Jesus. É o evangelho em que Maria está presente como a mãe que concebe Jesus no seu seio, o dá à luz e maternamente o amamenta: a mãe-nutriz, a que alude aquela mulher do povo. Graças a esta maternidade, Jesus - Filho do Altíssimo (cf. Lc 1, 32 ) - é um verdadeiro filho do homem. É "carne", como todos os homens. é "o Verbo (que) se fez carne" (cf. Jo 1, 14). É carne e sangue de Maria!


Mas, às palavras abençoantes proferidas por aquela mulher em relação à sua genetriz segundo a carne, Jesus responde de modo significativo: "Ditosos antes os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática" (Lc 11, 28). Ele quer desviar a atenção da maternidade entendida só como um vínculo do sangue, para a orientar no sentido daqueles vínculos misteriosos do espírito, que se formam com o prestar ouvidos e com a observância da palavra de Deus.


A mesma transferência, na esfera dos valores espirituais, delineia-se ainda mais claramente numa outra resposta de Jesus, relatada por todos os Sinópticos. Quando foi anunciado ao mesmo Jesus que a sua "mãe e os seus irmãos estavam lá fora e desejavam vê-lo", ele respondeu: "Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática" (cf. Lc 8, 20-21). Disse isto "percorrendo com o olhar os que estavam sentados à volta dele", como lemos em São Marcos (3, 34) ou, segundo São Mateus (12, 49), "indicando com a mão os seus discípulos".


Estas expressões parecem situar-se na linha daquilo que Jesus - então menino de doze anos - respondeu a Maria e José, quando foi reencontrado, depois de três dias, no templo de Jerusalém.

Agora, uma vez que Jesus já tinha saído de Nazaré para dar início à sua vida pública por toda a Palestina, estava doravante completa e exclusivamente "ocupado nas coisas do Pai" (cf. Lc 2, 49). Ocupava-se em anunciar o Reino: o "Reino de Deus" e as "coisas do Pai", que dão também uma dimensão nova e um sentido novo a tudo aquilo que é humano; e, por conseguinte, a todos os laços humanos, em relação com os fins e as funções estabelecidos para cada um dos homens. Com esta nova dimensão, também um laço, como o da "fraternidade" significa algo de diverso da "fraternidade segundo a carne", que provém da origem comum dos mesmos pais. E até mesmo a "maternidade", vista na dimensão do Reino de Deus, na irradiação da paternidade do próprio Deus, alcança um outro sentido. Com as palavras referidas por São Lucas, Jesus ensina precisamente este novo sentido da maternidade.


Ter-se-á afastado, por causa disto, daquela que foi sua mãe, a sua genetriz segundo a carne? Desejará, porventura, deixá-la na sombra do escondimento, que ela própria escolheu? Embora assim possa parecer, se nos ativermos só ao som material daquelas palavras, devemos observar, no entanto, que a maternidade nova e diversa, de que Jesus fala aos seus discípulos, refere-se precisamente a Maria e de modo especialíssimo. Não é, acaso, Maria a primeira dentre "aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática"? E portanto, não se referirão sobretudo a ela aquelas palavras abençoantes pronunciadas por Jesus, em resposta às palavras da mulher anónima? Maria é digna, sem dúvida alguma, de tais palavras de bênção, pelo facto de se ter tornado Mãe de Jesus segundo a carne ("Ditoso o ventre que te trouxe e os seios a que foste amamentado"); mas é digna delas também e sobretudo porque, logo desde o momento da Anunciação, acolheu a palavra de Deus e porque nela acreditou e sempre foi obediente a Deus; ela, com efeito, "guardava" a palavra, meditava-a "no seu coração" (cf. Lc 1, 38-45; 2, 19. 51) e cumpria-a com toda a sua vida. Podemos, portanto, afirmar que as palavras de bem-aventurança pronunciadas por Jesus não se contrapõem, apesar das aparências, àquelas outras que foram proferidas pela mulher desconhecida; mas antes, que com elas se coadunam na pessoa desta Mãe-Virgem, que a si mesma se designou simplesmente como "serva do Senhor" (Lc 1, 38). Se é verdade que "todas as gerações a chamarão bem-aventurada" (cf. Lc 1, 48), pode dizer-se que aquela mulher anónima foi a primeira a confirmar, sem disso ter consciência, aquele versículo profético do Magnificat de Maria e a dar início ao Magnificat dos séculos.

Se Maria, mediante a fé, se tornou a genetriz do Filho que lhe foi dado pelo Pai com o poder do Espírito Santo, conservando íntegra a sua virgindade, com a mesma fé ela descobriu e acolheu a outra dimensão da maternidade, revelada por Jesus no decorrer da sua missão messiânica. Pode dizer-se que esta dimensão da maternidade era possuída por Maria desde o início, isto é, desde o momento da concepção e do nascimento do Filho. Desde então ela foi "aquela que acreditou". Mas, à medida que se ia esclarecendo aos seus olhos e no seu espírito a missão do Filho, ela própria, como Mãe, se ia abrindo cada vez mais para aquela "novidade" da maternidade, que devia constituir a sua "parte" ao lado do Filho. Não declarara ela, desde o princípio: "Eis a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra"? (Lc 1, 38). Maria continuava, pois, mediante a fé, a ouvir e a meditar aquela palavra, na qual se tornava cada vez mais transparente, de um modo "que excede todo conhecimento" (Ef 3, 19), a autorevelação de Deus vivo. E assim, Maria Mãe tornava-se, em certo sentido, a primeira "discípula" do seu Filho, a primeira a quem ele parecia dizer: "Segue-me", mesmo antes de dirigir este chamamento aos Apóstolos ou a quaisquer outros (cf. Jo 1, 43).





21. Sob este ponto de vista, é particularmente eloquente aquele texto do Evangelho de São João, que nos apresenta Maria nas bodas de Caná. Maria aparece aí como Mãe de Jesus, que estava nos princípios da sua vida pública: "Celebravam-se umas bodas em Caná de Galileia; e encontrava-se lá a mãe de Jesus. Foi também convidado para as bodas Jesus, com os seus discípulos (Jo 2, 1-2). Do texto resultaria que Jesus e os seus discípulos foram convidados juntamente com Maria, quiçá por motivo da presença dela nessa festa: o Filho parece ter sido convidado em atenção à Mãe. É conhecida a sequência dos factos relacionados com esse convite: aquele "início dos milagres" feitos por Jesus - a água transformada em vinho - que leva o Evangelista a dizer: Jesus "manifestou a sua glória e os seus discípulos acreditaram nele" (Jo 2, 11).


Maria está presente em Caná de Galileia como Mãe de Jesus e contribui, de modo significativo, para aquele "início dos milagres", que revelam o poder messiânico do seu Filho. "Ora, vindo a faltar o vinho, a Mãe de Jesus disse-lhe: "não têm mais vinho". E Jesus respondeu-lhe: "Que importa isso, a mim e a ti, ó mulher? Ainda não chegou a minha hora"" (Jo 2, 3-4). No Evangelho de São João aquela "hora" significa o momento estabelecido pelo Pai, em que o Filho levará a cabo a sua obra e há-de ser glorificado (cf. Jo 7, 30; 8, 20; 12, 23. 27; 13, 1; 17, 1; 19, 27). Muito embora a resposta de Jesus à sua Mãe tenha as aparências de uma recusa (sobretudo se, mais do que na interrogação, se reparar naquela afirmação firme: "Ainda não chegou a minha hora"), mesmo assim Maria dirige-se aos que serviam e diz-lhes: "Fazei aquilo que ele vos disser" (Jo 2, 5). Então Jesus ordena a esses servos que encham as talhas de água; e a água transforma-se em vinho, melhor do que aquele que fora servido anteriormente aos convidados do banquete nupcial.

Que entendimento profundo terá havido entre Jesus e a sua Mãe? Como se poderá explorar o mistério da sua íntima união espiritual? De qualquer modo, o facto é eloquente. Naquele evento é bem certo que já se delineia bastante claramente a nova dimensão, o sentido novo da maternidade de Maria. Esta tem um significado que não está encerrado exclusivamente nas palavras de Jesus e nos diversos episódios referidos pelos Sinópticos (Lc 11, 27-28 e Lc 8, 19-21; Mt 12, 46-50; Mc 3, 31-35). Nestes textos Jesus tem o intuito, sobretudo, de contrapor a maternidade que resulta do próprio facto do nascimento, àquilo que esta "maternidade" (assim como a "fraternidade") deve ser na dimensão do Reino de Deus, na irradiação salvífica da paternidade do mesmo Deus. No texto de São João, ao contrário, a partir da descrição dos factos de Caná, esboça-se aquilo em que se manifesta concretamente esta maternidade nova, segundo o espírito e não somente segundo a carne, ou seja, a solicitude de Maria pelos homens, o seu ir ao encontro deles, na vasta gama das suas carências e necessidades. Em Caná da Galileia torna-se patente só um aspecto concreto da indigência humana, pequeno aparentemente e de pouca importância ("Não têm mais vinho"). Mas é algo que tem um valor simbólico: aquele ir ao encontro das necessidades do homem significa, ao mesmo tempo, introduzi-las no âmbito da missão messiânica e do poder salvífico de Cristo. Dá-se, portanto, uma mediação: Maria põe-se de permeio entre o seu Filho e os homens na realidade das suas privações, das suas indigências e dos seus sofrimentos. Põe-se de "permeio", isto é, faz de mediadora, não como uma estranha, mas na sua posição de mãe, consciente de que como tal pode - ou antes, "tem o direito de" - fazer presente ao Filho as necessidades dos homens. A sua mediação, portanto, tem um carácter de intercessão: Maria "intercede" pelos homens. E não é tudo: como Mãe deseja também que se manifeste o poder messiânico do Filho, ou seja, o seu poder salvífico que se destina a socorrer as desventuras humanas, a libertar o homem do mal que, sob diversas formas e em diversas proporções, faz sentir o peso na sua vida. Precisamente como o profeta Isaías tinha predito acerca do Messias, no famoso texto a que Jesus se refere na presença dos seus conterrâneos de Nazaré: "Para anunciar aos pobres a boa-nova me enviou, para proclamar aos prisioneiros a libertação e aos cegos a vista ..." (cf. Lc 4, 18).

Outro elemento essencial desta função maternal de Maria pode ser captado nas palavras dirigidas aos que serviam à mesa: "Fazei aquilo que ele vos disser". A Mãe de Cristo apresenta-se diante dos homens como porta-voz da vontade do Filho, como quem indica aquelas exigências que devem ser satisfeitas, para que possa manifestar-se o poder salvífico do Messias. Em Caná, graças à intercessão de Maria e à obediência dos servos, Jesus dá início à "sua hora". Em Caná, Maria aparece como quem acredita em Jesus: a sua fé provoca da parte dele o primeiro "milagre" e contribui para suscitar a fé dos discípulos.





22. Podemos dizer, por conseguinte, que nesta página do Evangelho de São João encontramos como que um primeiro assomo da verdade acerca da solicitude maternal de Maria. Esta verdade teve a sua expressão também no magistério do recente Concílio. É importante notar que a função maternal de Maria é por ele ilustrada na sua relação com a mediação de Cristo. Com efeito, podemos aí ler: "A função maternal de Maria para com os homens, de modo algum obscurece ou diminui esta única mediação de Cristo; manifesta antes a sua eficácia", porque "um só é o mediador entre Deus e os homens, o homem Cristo Jesus" (1 Tim 2, 5). Esta função maternal de Maria promana, segundo o beneplácito de Deus, "da superabundância dos méritos de Cristo, funda-se na sua mediação e dela depende inteiramente, haurindo aí toda a sua eficácia". É precisamente neste sentido que o evento de Caná da Galileia nos oferece como que um preanúncio da mediação de Maria, toda ela orientada para Cristo e propendente para a revelação do seu poder salvífico.

Do texto joanino transparece que se trata de uma mediação materna. Como proclama o Concílio: Maria "foi para nós mãe na ordem da graça". Esta maternidade na ordem da graça resultou da sua própria maternidade divina: porque sendo ela, por disposição da divina Providência, mãe-nutriz do Redentor, foi associada à sua obra, de maneira única, como "amiga generosa" e humilde "serva do Senhor", que "cooperou ... na obra do Salvador com a obediência e com a sua fé, esperança e caridade ardente, para restaurar nas almas a vida sobrenatural". "E esta maternidade de Maria na economia da graça perdura sem interrupção... até à consumação perpétua de todos os eleitos".





23. Se esta passagem do Evangelho de São João, sobre os factos de Caná, apresenta a maternidade desvelada de Maria no início da actividade messiânica de Cristo, há uma outra passagem do mesmo Evangelho que confirma esta maternidade na economia salvífica da graça no seu momento culminante, isto é, quando se realiza o sacrifício de Cristo na Cruz, o seu mistério pascal. A descrição de São João é concisa: "Estavam junto à Cruz de Jesus sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Clopá, e Maria de Magdala. Jesus, então, vendo a mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à mãe: "Mulher, eis o teu filho!". Depois, disse ao discípulo: "Eis a tua mãe!". E a partir daquele momento, o discípulo levou-a para a sua casa" (Jo 19-, 25-27).

Neste episódio reconhece-se, sem dúvida, uma expressão do desvelo singular do Filho para com a Mãe, que Ele ia deixar no meio de tanto sofrimento. Todavia, quanto ao sentido deste desvelo, o "testamento da Cruz" de Cristo diz algo mais. Jesus põe em relevo um vínculo novo entre Mãe e Filho, do qual confirma solenemente toda a verdade e realidade. Pode dizer-se que, se a maternidade de Maria em relação aos homens já tinha aflorado e se tinha delineado em precedência, agora é claramente precisada e estabelecida: ela emerge da maturação definitiva do mistério pascal do Redentor. A Mãe de Cristo, encontrando-se na irradiação directa deste mistério que abrange o homem - todos e cada um dos homens - é dada ao homem - a todos e cada um dos homens - como mãe. Este homem aos pés da Cruz é João, "o discípulo que ele amava". Porém não é ele como um só homem. A Tradição e o Concílio não hesitam em chamar a Maria "Mãe de Cristo e Mãe dos homens": ela está, efectivamente, associada na descendência de Adão com todos os homens..., mais ainda, é verdadeiramente mãe dos membros (de Cristo)..., porque cooperou com o seu amor para o nascimento dos fiéis na Igreja".


Esta "nova maternidade de Maria", portanto, gerada pela fé, é fruto do "novo" amor, que nela amadureceu definitivamente aos pés da Cruz, mediante a sua participação no amor redentor do Filho.





24. Encontramo-nos assim no próprio centro do cumprimento da promessa, contida no Proto-Evangelho: a "descendência da mulher esmagará a cabeça da serpente" (cf. Gén 3, 15). Jesus Cristo, de facto, com a sua morte redentora vence o mal do pecado e da morte nas suas próprias raízes. É significativo que, dirigindo-se à Mãe do alto da Cruz, Ele lhe chame "mulher", ao dizer-lhe: "Mulher, eis o teu filho". Com o mesmo termo, de resto, se tinha dirigido também a ela em Caná (cf. Jo 2, 4). Como duvidar de que, especialmente agora, no alto do Gólgota, esta frase atinja em profundidade no mistério de Maria, pondo em realce o "lugar" singular que ela tem em toda a economia da salvação? Como ensina o Concílio, com Maria, "excelsa Filha de Sião, passada a longa espera da promessa, completam-se os tempos e instaura-se uma nova economia, quando o Filho de Deus assumiu dela a natureza humana, para libertar o homem do pecado, por meio dos mistérios da sua carne".


As palavras que Jesus pronuncia do alto da Cruz significam que a maternidade da sua Genetriz tem uma "nova" continuação na Igreja e mediante a Igreja, simbolizada e representada por São João. Deste modo, aquela que, como "a cheia de graça", foi introduzida no mistério de Cristo para ser sua Mãe, isto é, a Santa Genetriz de Deus, por meio da Igreja permanece naquele mistério como "a mulher" indicada pelo Livro do Génesis (cf. 3, 15), no princípio, e pelo Apocalipse (cf. 12, 1), no final da história da salvação. Segundo o eterno desígnio da Providência, a maternidade divina de Maria deve estender-se à Igreja, como estão a indicar certas afirmações da Tradição, segundo as quais a maternidade de Maria para com a Igreja é o reflexo e o prolongamento da sua maternidade para com o Filho de Deus.

O próprio momento do nascimento da Igreja e da sua plena manifestação ao mundo, segundo o Concílio, já deixa entrever esta continuidade da maternidade de Maria: "Tendo sido do agrado de Deus não manifestar solenemente o mistério da salvação humana, antes de ter derramado o Espírito prometido por Cristo, vemos os Apóstolos, antes do dia do Pentecostes, "assíduos e concordes na oração, com algumas mulheres e com Maria a Mãe de Jesus e com os irmãos dele" (Act 1, 14), implorando também Maria, com suas orações, o dom daquele Espírito que já tinha estendido sobre ela a sua sombra, na Anunciação".


Sendo assim, na economia redentora da graça, actuada sob a acção do Espírito Santo, existe uma correspondência singular entre o momento da Incarnação do Verbo e o momento do nascimento da Igreja. E a pessoa que une estes dois momentos é Maria: Maria em Nazaré e Maria no Cenáculo de Jerusalém. Em ambos os casos, a sua presença discreta, mas essencial, indica a via do "nascimento do Espírito". Assim, aquela que está presente no mistério de Cristo como Mãe, torna-se - por vontade do Filho e por obra do Espírito Santo - presente no mistério da Igreja. E também na Igreja continua a ser uma presença materna, como indicam as palavras pronunciadas na Cruz: "Mulher, eis o teu Filho"; "Eis a tua Mãe".


http://www.vatican.va/edocs/POR0063/_INDEX.HTM








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segunda-feira, 6 de junho de 2011

IOANNES PAULUS PP. II REDEMPTORIS MATER


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IOANNES PAULUS PP. II
REDEMPTORIS MATER
sobre a Bem Aventurada
Virgem Maria
na vida da Igreja que está a caminho

PRIMEIRA PARTE - MARIA NO MISTÉRIO DE CRISTO
1. Cheia de graça
2. Feliz daquela que acreditou




2. Feliz daquela que acreditou





12. Logo depois de ter narrado a Anunciação, o Evangelista São Lucas faz-nos de guia, seguindo os passos da Virgem em direcção a "uma cidade de Judá" (Lc 1, 39). Segundo os estudiosos, esta cidade devia ser a "Ain-Karim" de hoje, situada entre as montanhas, não distante de Jerusalém. Maria dirigiu-se para lá "apressadamente", para visitar Isabel, sua parente. O motivo desta visita há-de ser procurado também no facto de Gabriel, durante a Anunciação, ter nomeado de maneira significativa Isabel, que em idade avançada tinha concebido do marido Zacarias um filho, pelo poder de Deus: "Isabel, tua parente, concebeu um filho, na sua velhice; e está já no sexto mês, ela, a quem chamavam estéril, porque nada é impossível a Deus" (Lc 1, 36-37). O mensageiro divino tinha feito recurso ao evento, que se realizara em Isabel, para responder à pergunta de Maria: "Como se realizará isso, pois eu não conheço homem?" (Lc 1, 34). Sim, será possível exactamente pelo "poder do Altíssimo", como e ainda mais do que no caso de Isabel.


Maria dirige-se, pois, impelida pela caridade, a casa da sua parente. Quando aí entrou, Isabel, ao responder à sua saudação, tendo sentido o menino estremecer de alegria no próprio seio, "cheia do Espírito Santo", saúda por sua vez Maria em alta voz: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre" (cf. Lc 1, 40-42). Esta proclamação e aclamação de Isabel deveria vir a entrar na Ave Maria, como continuação da saudação do Anjo, tornando-se assim uma das orações mais frequentes da Igreja. Mas são ainda mais significativas as palavras de Isabel, na pergunta que se segue: "E donde me é dada a dita que venha ter comigo a mãe do meu Senhor?" (Lc 1, 43). Isabel dá testemunho acerca de Maria: reconhece e proclama que diante de si está a Mãe do Senhor, a Mãe do Messias. Neste testemunho participa também o filho que Isabel traz no seio: "estremeceu de alegria o menino no meu seio" (Lc 1, 44). O menino é o futuro João Baptista, que, nas margens do Jordão, indicará em Jesus o Messias.

Todas as palavras, nesta saudação de Isabel, são densas de significado; no entanto, parece ser algo de importância fundamental o que ela diz no final: "Feliz daquela que acreditou que teriam cumprimento as coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor" (Lc 1, 45). Estas palavras podem ser postas ao lado do apelativo "cheia de graça" da saudação do Anjo. Em ambos os textos se revela um conteúdo mariológico essencial, isto é, a verdade acerca de Maria, cuja presença se tornou real no mistério de Cristo, precisamente porque ela "acreditou". A plenitude de graça, anunciada pelo Anjo, significa o dom de Deus mesmo; a fé de Maria, proclamada por Isabel aquando da Visitação, mostra como a Virgem de Nazaré tinha correspondido a este dom.





13. "A Deus que revela é devida "a obediência da fé" (Rom 16, 26; cf. Rom 1, 5; 2 Cor 10, 5-6), pela qual o homem se entrega total e livremente a Deus", como ensina o Concílio. Exactamente esta descrição da fé teve em Maria uma actuação perfeita. O momento "decisivo" foi a Anunciação; e as palavras de Isabel - "feliz daquela que acreditou" - referem-se em primeiro lugar precisamente a esse momento.


Na Anunciação, de facto, Maria entregou-se a Deus completamente, manifestando "a obediência da fé" Àquele que lhe falava, mediante o seu mensageiro, prestando-lhe o "obséquio pleno da inteligência e da vontade". Ela respondeu, pois, com todo o seu "eu" humano e feminino. Nesta resposta de fé estava contida uma cooperação perfeita com a "prévia e concomitante ajuda da graça divina" e uma disponibilidade perfeita à acção do Espírito Santo, o qual "aperfeiçoa continuamente a fé mediante os seus dons".

A palavra de Deus vivo, anunciada pelo Anjo a Maria, referia-se a ela própria: "Eis que conceberás e darás à luz um filho" (Lc 1, 31). Acolhendo este anúncio, Maria devia tornar-se a "Mãe do Senhor" e realizar-se-ia nela o mistério divino da Incarnação: "O Pai das misericórdias quis que a aceitação por parte da que Ele predestinara para mãe, precedesse a Incarnação". E Maria dá esse consenso, depois de ter ouvido todas as palavras do mensageiro. Diz: "Eis a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1, 38). Este fiat de Maria - "faça-se em mim" - decidiu, da parte humana, do cumprimento do mistério divino. Existe uma consonância plena com as palavras do Filho que, segundo a Carta aos Hebreus, ao vir a este mundo, diz ao Pai: "Não quiseste sacrifícios nem oblações, mas formaste-me um corpo... Eis que venho... para fazer, ó Deus, a tua vontade" (Hebr 10, 5-7). O mistério da Incarnação realizou-se quando Maria pronunciou o seu "fiat": "Faça-se em mim segundo a tua palavra", tornando possível, pelo que a ela competia no desígnio divino, a aceitação do oferecimento do seu Filho.


Maria pronunciou este "fiat" mediante a fé. Foi mediante a fé que ela "se entregou a Deus" sem reservas e "se consagrou totalmente, como escrava do Senhor, à pessoa e à obra do seu Filho". E este Filho - como ensinam os Padres da Igreja - concebeu-o na mente antes de o conceber no seio: precisamente mediante a fé! Com justeza, portanto, Isabel louva Maria: "Feliz daquela que acreditou que teriam cumprimento as coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor". Essas coisas já se tinham cumprido: Maria de Nazaré apresenta-se no limiar da casa de Isabel e de Zacarias como mãe do Filho de Deus. É essa a descoberta letificante de Isabel: "A mãe do meu Senhor vem ter comigo!".




14. Por conseguinte, também a fé de Maria pode ser comparada com a de Abraão, a quem o Apóstolo chama "nosso pai na fé" (cf. Rom 4, 12). Na economia salvífica da Revelação divina, a fé de Abraão constitui o início da Antiga Aliança; a fé de Maria, na Anunciação, dá início à Nova Aliança. Assim como Abraão, "esperando contra toda a esperança, acreditou que haveria de se tornar pai de muitos povos" (cf. Rom 4, 18 ), também Maria, no momento da Anunciação, depois de ter declarado a sua condição de virgem ("Como será isto, se eu não conheço homem?"), acreditou que pelo poder do Altíssimo, por obra do Espírito Santo, se tornaria a mãe do Filho de Deus segundo a revelação do Anjo: "Por isso mesmo o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus" (Lc 1, 35).


Entretanto, as palavras de Isabel: "Feliz daquela que acreditou" não se aplicam apenas àquele momento particular da Anunciação. Esta representa, sem dúvida, o momento culminante da fé de Maria na expectação de Cristo, mas é também o ponto de partida, no qual se inicía todo o seu "itinerário para Deus", toda a sua caminhada de fé. E será ao longo deste caminho, que a "obediência" por ela professada à palavra da revelação divina irá ser actuada, de modo eminente e verdadeiramente heróico ou, melhor dito, com um heroísmo de fé cada vez maior. E esta "obediência da fé" da parte de Maria, durante toda a sua caminhada, terá surpreendentes analogias com a fé de Abraão. Do mesmo modo que o patriarca do Povo de Deus, também Maria, ao longo do caminho do seu fiat filial e materno, "esperando contra toda a esperança, acreditou". Especialmente ao longo de algumas fases deste seu caminhar, a bênção concedida "àquela que acreditou" tornar-se-á manifesta com particular evidência. Acreditar quer dizer "abandonar-se" à própria verdade da palavra de Deus vivo, sabendo e reconhecendo humildemente "quanto são insondáveis os seus desígnios e imperscrutáueis as suas vias" (Rom 11, 33). Maria, que pela eterna vontade do Altíssimo veio a encontrar-se, por assim dizer, no próprio centro daquelas "imperscrutáveis vias" e daqueles "insondáveis desígnios" de Deus, conforma-se a eles na obscuridade da fé, aceitando plenamente e com o coração aberto tudo aquilo que é disposição dos desígnios divinos.




15. Na Anunciação, quando Maria ouve falar do Filho de que deve tornar-se genetriz e ao qual "porá o nome de Jesus" (= Salvador), fica também a conhecer que "o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai David", que ele "reinará sobre a casa de Jacob eternamente e o seu reinado não terá fim" (Lc 1, 32-33). Era neste sentido que se orientava toda a esperança de Israel. O Messias prometido devia ser "grande"; e também o mensageiro celeste anuncia que "será grande": grande, quer pelo nome de Filho do Altíssimo, quer pelo facto de assumir a herança de David. Há-de, portanto, ser rei, há-de reinar "sobre a casa de Jacob". Maria tinha crescido no meio desta expectativa do seu povo: estaria ela em condições de captar, no momento da Anunciação, qual o sentido essencial que podiam ter as palavras do Anjo, e como devia ser entendido aquele "reino", que "não terá fim"?


Se bem que, mediante a fé, ela possa ter-se sentido naquele instante mãe do "Messias-rei", contudo respondeu: "Eis a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1, 38). Desde o primeiro momento, Maria professou sobretudo "a obediência da fé", abandonando-se àquele sentido que dava às palavras da Anunciação Aquele do qual elas provinham: o próprio Deus.





16. No caminho da "obediência da fé", ainda, Maria, um pouco mais tarde, ouve outras palavras: aquelas que foram pronunciadas por Simeão, no templo de Jerusalém. Estava-se já no quadragésimo dia depois do nascimento de Jesus, quando Maria e José, segundo a prescrição da Lei de Moisés, "levaram o menino a Jerusalém, para o oferecer ao Senhor" (Lc 2, 22). O nascimento verificara-se em condições de extrema pobreza. Com efeito, sabemos através de São Lucas que, por ocasião do recenseamento da população ordenado pelas autoridades romanas, Maria se dirigiu com José a Belém; e não tendo encontrado "lugar na hospedaria", deu à luz o seu Filho num estábulo e "reclinou-o numa manjedoura" (cf. Lc 2, 7).


Um homem justo e piedoso, de nome Simeão, aparece naquele momento dos inícios do "itinerário" da fé de Maria. As suas palavras, sugeridas pelo Espírito Santo (cf. Lc 2, 25-27), confirmam a verdade da Anunciação. Lemos, efectivamente, que ele "tomou nos seus braços" o menino, ao qual - segundo a palavra do Anjo - deram o nome de Jesus" (cf. Lc 2, 21). Aquilo que Simeão diz está conforme com o significado deste nome, que quer dizer Salvador: "Deus é a salvação". Dirigindo-se ao Senhor, ele exprime-se assim: "Os meus olhos viram a tua salvação, que preparaste em favor de todos os povos; luz para iluminar as nações e glória de Israel, teu povo" (Lc 2, 30-32). Nessa mesma altura, porém, Simeão dirige-se a Maria com as seguintes palavras: "Ele é destinado a ser ocasião de queda e de ressurgimento para muitos em Israel e a ser um sinal de contradição... a fim de se revelarem os pensamentos de muitos corações"; e acrescenta, com referência directa a Maria: "E tu mesma terás a alma trespassada por uma espada" (Lc 2, 34-35). As palavras de Simeão colocam sob uma luz nova o anúncio que Maria tinha ouvido do Anjo: Jesus é o Salvador, é "luz para iluminar" os homens. Não foi isso que, de algum modo, se manifestou na noite de Natal, quando os pastores vieram ao estábulo? (cf. Lc 2, 8-20). Não foi isso o que se manifestou também e ainda mais, aquando da vinda dos Magos do Oriente? (cf. Mt 2, 1-12 ) . Ao mesmo tempo, porém, logo desde o início da sua vida, o Filho de Maria, e com ele a sua Mãe, experimentarão em si mesmos a verdade daquelas outras palavras de Simeão: "Sinal de contradição" (Lc 2, 34). Aquilo que Simeão diz apresenta-se como um segundo anúncio a Maria, uma vez que indica a dimensão histórica concreta em que o Filho realizará a sua missão, ou seja, na incompreensão e na dor. Se este outro anúncio confirma, por um lado, a sua fé no cumprimento das promessas divinas da salvação, por outro, também lhe revela que ela terá que viver a sua obediência de fé no sofrimento, ao lado do Salvador que sofre, e que a sua maternidade será obscura e marcada pela dor. Com efeito, depois da visita dos Magos, depois de eles lhe terem rendido homenagem ("prostrados o adoraram") e depois da oferta dos dons (cf. Mt 2, 11), sucede que Maria, com o menino, tem de fugir para o Egipto sob a proteção desvelada de José, porque Herodes estava a "procurar o menino para o matar" (cf. Mt 2, 13). E teriam de ficar no Egipto até à morte de Herodes (cf. Mt 2, 15).





17. Depois da morte de Herodes, quando se dá o retorno da sagrada família a Nazaré, inicia-se o longo período da vida oculta. Aquela que "acreditou no cumprimento das coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor" (Lc 1, 45) vive no dia a dia o conteúdo dessas palavras. O Filho a quem deu o nome de Jesus está quotidianamente ao seu lado; assim, no contacto com ele, usa certamente este nome, o que não devia, aliás, causar estranheza a ninguém, tratando-se de um nome que era usual, desde havia muito tempo, em Israel. Maria sabe, no entanto, que aquele a quem foi posto o nome de Jesus, foi chamado pelo Anjo "Filho do Altíssimo" (cf. Lc 1, 32). Maria sabe que o concebeu e deu à luz "sem ter conhecido homem", por obra do Espírito Santo, com o poder do Altíssimo que sobre ela estendeu a sua sombra (cf. Lc 1, 35), tal como nos tempos de Moisés e dos antepassados a nuvem velava a presença de Deus (cf. Ex 24, 16; 40, 34-35; 1 Rs 8, 10-12). Maria sabe, portanto, que o Filho, por ela dado à luz virginalmente, é precisamente aquele "Santo", "o Filho de Deus" de que lhe havia falado o Anjo.


Durante os anos da vida oculta de Jesus na casa de Nazaré, também a vida de Maria "está escondida com Cristo em Deus" (cf. Col 3, 3) mediante a fé. A fé, efectivamente, é um contacto com o mistério de Deus. Maria está constante e quotidianamente em contacto com o mistério inefável de Deus que se fêz homem, mistério que supera tudo aquilo que foi revelado na Antiga Aliança. Desde o momento da Anunciação, a mente da Virgem-Mãe foi introduzida na "novidade" radical de autorevelação de Deus e tornada cônscia do mistério. Ela é a primeira daqueles "pequeninos" dos quais um dia Jesus dirá: "Pai, ... escondeste estas coisas aos sábios e aos sagazes e as revelaste aos pequeninos" (Mt 11, 25). Na verdade, "ninguém conhece o Filho senão o Pai" (Mt 11, 27). Como poderá então Maria "conhecer o Filho"? Certamente, não como o Pai o conhece; e no entanto, ela é a primeira entre aqueles aos quais o Pai "o quis revelar" (cf. Mt 11, 26-27; 1 Cor 2, 11). Se, porém, desde o momento da Anunciação lhe foi revelado o Filho, que apenas o Pai conhece completamente, como Aquele que o gera no "hoje" eterno (cf. Sl 2, 7), então Maria, a Mãe, está em contacto com a verdade do seu Filho somente na fé e mediante a fé! Portanto, é feliz porque "acreditou"; e acredita dia a dia, no meio de todas as provações e contrariedades do período da infância de Jesus e, depois, durante os anos da sua vida oculta em Nazaré, quando ele "lhes era submisso" (Lc 2, 51): submisso a Maria e também a José, porque José, diante dos homens, fazia para ele as vezes de pai; e era por isso que o Filho de Maria era tido pela gente do lugar como "o filho do carpinteiro" (Mt 13, 55).

A Mãe, por conseguinte, lembrada de tudo o que lhe havia sido dito acerca deste seu Filho, na Anunciação e nos acontecimentos sucessivos, é portadora em si mesma da "novidade" radical da fé: o início da Nova Aliança. Este é o início do Evangelho, isto é, da boa nova, da jubilosa nova. Não é difícil, porém, perceber naquele início um particular aperto do coração, unido a uma espécie de "noite da fé" - para usar as palavras de São João da Cruz - como que um "véu" através do qual é forçoso aproximar-se do Invisível e viver na intimidade com o mistério. Foi deste modo, efectivamente, que Maria, durante muitos anos, permaneceu na intimidade com o mistério do seu Filho, e avançou no seu itinerário de fé, à medida em que Jesus "crescia em sabedoria ... e graça, diante de Deus e dos homens" (Lc 2, 52). Manifestava-se cada vez mais aos olhos dos homens a predilecção que Deus tinha por ele. A primeira entre estas criaturas humanas admitidas à descoberta de Cristo foi Maria que, com Ele e com José, vivia na mesma casa em Nazaré.


Todavia, na ocasião em que o reencontraram no templo, à pergunta da Mãe: "Por que procedeste assim connosco?", Jesus - então menino de doze anos - respondeu: "Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai?"; e o Evangelista acrescenta: "Mas eles (José e Maria) não entenderam as suas palavras" (Lc 2, 48-50). Portanto, Jesus tinha a consciência de que "só o Pai conhece o Filho" (cf. Mt 11, 27); tanto assim, que até aquela a quem tinha sido revelado mais profundamente o mistério da sua filiação divina, a sua Mãe, vivia na intimidade com este mistério somente mediante a fé! Encontrando-se constantemente ao lado do Filho, sob o mesmo tecto, e "conservando fielmente a união com o Filho" Ela "avançava na peregrinação da fé", como acentua o Concílio. E assim sucedeu também durante a vida pública de Cristo (cf. Mc 3, 21-35) pelo que, dia a dia, se cumpriram nela as palavras abençoantes pronunciadas por Isabel, aquando da Visitação: "Feliz daquela que acreditou".




18. Estas palavras abençoantes atingem a plenitude do seu significado, quando Maria está aos pés da Cruz do seu Filho (cf. Jo 19, 25). O Concílio afirma que isso "aconteceu não sem um desígnio divino": "padecendo acerbamente com o seu Unigénito, associando-se com ânimo maternal ao seu sacrifício e consentindo com amor na imolação da vítima que ela havia gerado", foi deste modo que Maria "conservou fielmente a união com seu Filho até à Cruz", a união mediante a fé: a mesma fé com a qual tinha acolhido a revelação do Anjo no momento da Anunciação. Nesse momento ela tinha também ouvido dizer: "será grande ..., o Senhor Deus dar-lhe-á o trono de seu pai David..., reinará eternamente na casa de Jacob e o seu reinado não terá fim" (Lc 1, 32-33).


E agora, estando ali aos pés da Cruz, Maria é testemunha, humanamente falando, do desmentido cabal dessas palavras. O seu Filho agoniza, suspenso naquele madeiro como um condenado. "Desprezado e rejeitado pelos homens; homem das dores...; era menosprezado e nenhum caso fazíamos dele" ... como que destruído (cf. Is 53, 3-5 ). Quão grande e quanto foi heróica então a "obediência da fé" demonstrada por Maria diante dos "insondáveis desígnios" de Deus! Como ela se "abandonou nas mãos de Deus" sem reservas, "prestando o pleno obséquio da inteligência e da vontade" Àquele cujas "vias são imperscrutáveis!" (cf. Rom 11, 33). E, ao mesmo tempo, quanto se mostra potente a acção da graça na sua alma e quanto é penetrante a influência do Espírito Santo, da sua luz e da sua virtude!

Mediante essa sua fé, Maria está perfeitamente unida a Cristo no seu despojamento. Com efeito, "Jesus Cristo, ... subsistindo na natureza divina, não julgou o ser igual a Deus, um bem a que não devesse nunca renunciar; mas despojou-se a si mesmo tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens": precisamente sobre o Gólgota "humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até à morte, e morte de Cruz" (cf. Flp 2, 5-8). E aos pés da Cruz, Maria participa mediante a fé no mistério desconcertante desse despojamento. Isso constitui, talvez, a mais profunda "kénose" da fé na história da humanidade. Mediante a fé, a Mãe participa na morte do Filho, na sua morte redentora; mas, bem diferente da fé dos discípulos, que se davam à fuga, a fé de Maria era muito mais esclarecida. Sobre o Gólgota, Jesus confirmou definitivamente, por meio da Cruz, ser "o sinal de contradição" predito por Simeão. Ao mesmo tempo, cumpriram-se aí as palavras dirigidas pelo mesmo ancião a Maria: "E tu mesma terás a alma trespassada por uma espada".





19. Sim, verdadeiramente, "feliz daquela que acreditou"! Estas palavras, pronunciadas por Isabel já depois da Anunciação, parecem ressoar aqui, aos pés da Cruz, com suprema eloquência; e a força que elas encerram, torna-se penetrante. Da Cruz ou, por assim dizer, do próprio coração do mistério da Redenção, se esparge a irradiação e se dilata a perspectiva daquelas palavras abençoadoras da sua fé. Elas remontam "até ao princípio" e, como participação no sacrifício de Cristo, novo Adão, tornam-se, em certo sentido, o contrabalanço da desobediência e da incredulidade presentes no pecado dos nossos primeiros pais. Assim o ensinam os Padres da Igreja, especialmente Santo Ireneu, citado na Constituição Lumen Gentium: "O nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria; e aquilo que a Virgem Eva atou, com a sua incredulidade, a Virgem Maria desatou-o com a sua fé". À luz desta comparação com Eva, os mesmos Padres - como recorda ainda o Concílio - chamam a Maria "mãe dos vivos" e afirmam muitas vezes: "A morte veio por Eva, a vida por meio de Maria".

Com razão, portanto, podemos encontrar na expressão "feliz daquela que acreditou" como que uma chave que nos abre o acesso à realidade íntima de Maria: daquela que foi saudada pelo Anjo como "cheia da graça". Se como "cheia de graça" ela esteve eternamente presente no mistério de Cristo, agora, mediante a fé, torna-se dele participante em toda a extensão do seu itinerário terreno: "avançou na peregrinação da fé" e, ao mesmo tempo, de maneira discreta, mas directa e eficazmente, tornava presente aos homens o mesmo mistério de Cristo. E ainda continua a fazê-lo. E mediante o mistério de Cristo, também ela está presente entre os homens. Deste modo, através do mistério do Filho, esclarece-se também o mistério da Mãe.


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sábado, 4 de junho de 2011

Especial para voce....

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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Encíclica: IOANNES PAULUS PP. II REDEMPTORIS MATER. Sobre a Bem Aventurada Virgem Maria na vida da Igreja que está a caminho.

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 PRIMEIRA PARTE - MARIA NO MISTÉRIO DE CRISTO


 1. Cheia de graça


 7. "Bendito seja Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual no alto dos céus, nos abençoou com toda a sorte de bênçãos espirituais em Cristo" (Ef 1, 3). Estas palavras da Carta aos Efésios revelam o eterno desígnio de Deus Pai, o seu plano de salvação do homem em Cristo. É um plano universal, que concerne todos os homens criados à imagem e semelhança de Deus (cf. Gén 1, 26). Todos eles, assim como "no princípio" estão compreendidos na obra criadora de Deus, assim também estão eternamente compreendidos no plano divino da salvação, que se deve revelar cabalmente na "plenitude dos tempos", com a vinda de Cristo. Com efeito, "n'Ele", aquele Deus, que é "Pai de nosso Senhor Jesus Cristo" - são as palavras que vêm a seguir na mesma Carta - "nos elegeu antes da criação do mundo, para sermos santos e imaculados aos seus olhos. Por puro amor Ele nos predestinou a sermos adoptados por Ele como filhos, por intermédio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito da sua vontade, para louvor da magnificência da sua graça, pela qual nos tornou agradáveis em seu amado Filho. N'Ele, mediante o seu sangue, temos a redenção, a remissão dos pecados segundo as riquezas da sua graça" (Ef 1, 4-7).


O plano divino da salvação, que nos foi revelado plenamente com a vinda de Cristo, é eterno. Ele é também - segundo o ensino contido na mesma Carta e noutras Cartas paulinas (cf. Col 1, 12-14; Rom 3, 24; Gál 3, 13; 2 Cor 5, 18-29) - algo que está eternamente ligado a Cristo. Ele compreende em si todos os homens; mas reserva um lugar singular à "mulher" que foi a Mãe d'Aquele ao qual o Pai confiou a obra da salvação. Como explana o Concílio Vaticano II, "Maria encontra-se já profeticamente delineada na promessa da vitória sobre a serpente, feita aos primeiros pais caídos no pecado", segundo o Livro do Génesis (cf. 3, 15). "Ela é, igualmente, a Virgem que conceberá e dará à luz um Filho, cujo nome será Emanuel" segundo as palavras de Isaías (cf. 7, 14). Deste modo, o Antigo Testamento prepara aquela "plenitude dos tempos", quando Deus haveria de enviar "o seu Filho, nascido duma mulher ..., para que nós recebêssemos a adopção como filhos". A vinda ao mundo do Filho de Deus e o acontecimento narrado nos primeiros capítulos dos Evangelhos segundo São Lucas e segundo São Mateus.




8. Maria é introduzida no mistério de Cristo definitivamente mediante aquele acontecimento que foi a Anunciação do Anjo. Esta deu-se em Nazaré, em circunstâncias bem precisas da história de Israel, o povo que foi o primeiro destinatário das promessas de Deus. O mensageiro divino diz à Virgem: "Salve, ó cheia de graça, o Senhor é contigo" (Lc 1, 28). Maria "perturbou-se e interrogava-se a si própria sobre o que significaria aquela saudação" (Lc 1, 29): que sentido teriam todas aquelas palavras extraordinárias, em particular, a expressão "cheia de graça" (kecharitoméne).

Se quisermos meditar juntamente com Maria em tais palavras e, especialmente, na expressão "cheia de graça", podemos encontrar uma significativa correspondência precisamente na passagem acima citada da Carta aos Efésios. E se, depois do anúncio do mensageiro celeste, a Virgem de Nazaré é chamada também a "bendita entre as mulheres" (cf. Lc 1, 42), isso explica-se por causa daquela bênção com que "Deus Pai" nos cumulou "no alto dos céus, em Cristo". É uma bênção espiritual, que se refere a todos os homens e traz em si mesma a plenitude e a universalidade ("toda a sorte de bênçãos"), tal como brota do amor que, no Espírito Santo, une ao Pai o Filho consubstancial. Ao mesmo tempo, trata-se de uma bênção derramada por obra de Jesus Cristo na história humana até ao fim: sobre todos os homens. Mas esta bênção refere-se a Maria em medida especial e excepcional: ela, de facto, foi saudada por Isabel como "a bendita entre as mulheres".


O motivo desta dupla saudação, portanto, está no facto de se ter manifestado na alma desta "filha de Sião", em certo sentido, toda a "magnificência da graça", daquela graça com que "o Pai ... nos tornou agradáveis em seu amado Filho". O mensageiro, efectivamente, saúda Maria como "cheia de graça"; e chama-lhe assim, como se este fosse o seu verdadeiro nome. Não chama a sua interlocutora com o nome que lhe é próprio segundo o registo terreno: "Miryam" ( = Maria); mas sim com este nome novo: "cheia de graça". E o que significa este nome? Por que é que o Arcanjo chama desse modo à Virgem de Nazaré?

Na linguagem da Bíblia "graça" significa um dom especial, que, segundo o Novo Testamento, tem a sua fonte na vida trinitária do próprio Deus, de Deus que é amor (cf. 1 Jo 4, 8). É fruto deste amor a "eleição" - aquela eleição de que fala a Carta aos Efésios. Da parte de Deus esta "escolha" é a eterna vontade de salvar o homem, mediante a participação na sua própria vida divina (cf. 2 Pdr 1, 4) em Cristo: é a salvação pela participação na vida sobrenatural. O efeito deste dom eterno, desta graça de eleição do homem por parte de Deus, é como que um gérmen de santidade, ou como que uma nascente a jorrar na alma do homem, qual dom do próprio Deus que, mediante a graça, vivifica e santifica os eleitos. Desta forma se verifica, isto é, se torna realidade aquela "bênção" do homem "com toda a sorte de bênçãos espirituais", aquele "ser seus filhos adoptivos ... em Cristo", ou seja, n'Aquele que é desde toda a eternidade o "Filho muito amado" do Pai.


Quando lemos que o mensageiro diz a Maria "cheia de graça", o contexto evangélico, no qual confluem revelações e promessas antigas, permite-nos entender que aqui se trata de uma "bênção" singular entre todas as "bênçãos espirituais em Cristo". No mistério de Cristo, Maria está presente já "antes da criação do mundo", como aquela a quem o Pai "escolheu" para Mãe do seu Filho na Incarnação - e, conjuntamente ao Pai, escolheu-a também o Filho, confiando-a eternamente ao Espírito de santidade. Maria está unida a Cristo, de um modo absolutamente especial e excepcional; e é amada neste "Filho muito amado" desde toda a eternidade, neste Filho consubstancial ao Pai, no qual se concentra toda "a magnificência da graça". Ao mesmo tempo, porém, ela é e permanece perfeitamente aberta para este "dom do Alto" (cf. Tg 1, 17) Como ensina o Concílio, Maria "é a primeira entre os humildes e os pobres do Senhor, que confiadamente esperam e recebem d'Ele a salvação".




9. A saudação e o nome "cheia de graça" dizem-nos tudo isto; mas, no contexto do anúncio do Anjo, referem-se em primeiro lugar à eleição de Maria como Mãe do Filho de Deus. Todavia, a plenitude de graça indica ao mesmo tempo toda a profusão de dons sobrenaturais com que Maria é beneficiada em relação com o facto de ter sido escolhida e destinada para ser Mãe de Cristo. Se esta eleição é fundamental para a realização dos desígnios salvíficos de Deus, a respeito da humanidade, e se a escolha eterna em Cristo e a destinação para a dignidade de filhos adoptivos se referem a todos os homens, então a eleição de Maria é absolutamente excepcional e única. Daqui deriva também a singularidade e unicidade do seu lugar no mistério de Cristo.


O mensageiro divino diz-lhe: "Não temas, Maria, pois achaste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo" (Lc 1, 30-32). E quando a Virgem, perturbada por esta saudação extraordinária, pergunta: "Como se realizará isso, pois eu não conheço homem?", recebe do Anjo a confirmação e a explicação das palavras anteriores. Gabriel diz-lhe: "Virá sobre ti o Espírito Santo e a potência do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso mesmo o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus" (Lc 1, 35).

A Anunciação, portanto, é a revelação do mistério da Incarnação exactamente no início da sua realização na terra. A doação salvífica que Deus faz de si mesmo e da sua vida, de alguma maneira a toda a criação e, directamente, ao homem, atinge no mistério da Incarnação um dos seus pontos culminantes. Isso constitui, de facto, um vértice de todas as doações de graça na história do homem e do cosmos. Maria é a "cheia de graça", porque a Incarnação do Verbo, a união hipostática do Filho de Deus com a natureza humana, se realiza e se consuma precisamente nela. Como afirma o Concílio, Maria é "Mãe do Filho de Deus e, por isso, filha predilecta do Pai e templo do Espírito Santo; e, por este insigne dom de graça, leva vantagem a todas as demais criaturas do céu e da terra".





10. A Carta aos Efésios, falando da "magnificência da graça" pela qual "Deus Pai ... nos tornou agradáveis em seu amado Filho", acrescenta: "N'Ele temos a redenção pelo seu sangue" (Ef 1, 7). Segundo a doutrina formulada em documentos solenes da Igreja, esta "magnificência da graça" manifestou-se na Mãe de Deus pelo facto de ela ter sido "redimida de um modo mais sublime". Em virtude da riqueza da graça do amado Filho e por motivo dos merecimentos redentores d'Aquele que haveria de tornar-se seu Filho, Maria foi preservada da herança do pecado original. Deste modo, logo desde o primeiro instante da sua concepção, ou seja da sua existência, ela pertence a Cristo, participa da graça salvífica e santificante e daquele amor que tem o seu início no "amado Filho", no Filho do eterno Pai que, mediante a Incarnação, se tornou o seu próprio Filho. Sendo assim, por obra do Espírito Santo, na ordem da graça, ou seja, da participação da natureza di vina, Maria recebe a vida d'Aquele, ao qual ela própria, na ordem da geração terrena, deu a vida como mãe. A Liturgia não hesita em chamá-la "genetriz do seu Genitor" e em saudá-la com as palavras que Dante Alighieri põe na boca de São Bernardo: "filha do teu Filho" . E, uma vez que Maria recebe esta "vida nova" numa plenitude correspondente ao amor do Filho para com a Mãe, e por conseguinte à dignidade da maternidade divina, o Anjo na Anunciação chama-lhe "cheia de graça".




11. No desígnio salvífico da Santíssima Trindade o mistério da Incarnação constitui o cumprimento superabundante da promessa feita por Deus aos homens, depois do pecado original, depois daquele primeiro pecado cujos efeitos fazem sentir o seu peso sobre toda a história do homem na terra (cf. Gén 3, 15). E eis que vem ao mundo um Filho, a "descendência da mulher", que vencerá o mal do pecado nas suas próprias raízes: "esmagará a cabeça" da serpente. Como resulta das palavras do Proto-Evangelho, a vitória do Filho da mulher não se verificará sem uma árdua luta, que deve atravessar toda a história humana. "A inimizade", anunciada no princípio, é confirmada no Apocalipse, o livro das realidades últimas da Igreja e do mundo, onde volta a aparecer o sinal de uma "mulher", desta vez "vestida de sol" (Apoc 12, 1).


Maria, Mãe do Verbo Incarnado, está colocada no próprio centro dessa "inimizade", dessa luta que acompanha o evoluir da história da humanidade sobre a terra e a própria história da salvação. Neste seu lugar, ela, que faz parte dos "humildes e pobres do Senhor", apresenta em si, como nenhum outro dentre os seres humanos, aquela "magnificência de graça" com que o Pai nos agraciou no seu amado Filho; e esta graça constitui a extraordinária grandeza e beleza de todo o seu ser. Maria permanece, assim, diante de Deus e também diante de toda a humanidade, como o sinal imutável e inviolável da eleição por parte do mesmo Deus, de que fala a Carta paulina: "em Cristo nos elegeu antes da criação do mundo ... e nos predestinou para sermos seus filhos adoptivos" (Ef 1, 4. 5). Esta eleição é mais forte do que toda a experiência do mal e do pecado, do que toda aquela "inimizade" pela qual está marcada toda a história do homem. Nesta história, Maria permanece um sinal de segura esperança.


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